- Área: 195 m²
- Ano: 2014
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Fotografias:Federico Cairoli
Descrição enviada pela equipe de projeto. Trata-se de uma residência de uso temporário - com a possibilidade de ser construída com caráter permanente - destinada a uma família composta por um casal e dois filhos jovens/adultos, em Santa Mónica, Vale de Calamuchita. Neste local serrano, típico deste vale, o terreno de amplas vistas locais e panorâmicas, apresenta uma frente à rua com orientação leste, e outra frente sobre o Rio Santa rosa a oeste. Com uma inclinação de cerca de 12%, o pavimento térreo desce até alcançar o próprio curso d´água.
O conjunto, composto pelo jogo de dois volumes - um maior, predominante, e outro, menor, com ênfase vertical - é implantado reclinado sobre a ladeira contra o limite sul, soterrado em seu extremo leste e elevado a oeste, perpendicular ao rio, quase sobre ele. Através de um trabalho topográfico, uma porção da ladeira é dobrada e esticada até o canal, gerando um plano ascendente em cuja borda as vistas panorâmicas alcançam seu protagonismo máximo. Uma leve rotação da planta retangular permite tomar o norte e a vista ao meandro do rio, onde sua sinuosidade é muito pronunciada e uma formação rochosa o pontua.
Entra-se na casa pelo lado sul, através de um corredor no qual a parede de concreto e pedra que emerge da terra e eleva-se ao ar, oculta o rio, ao qual se tem acesso visual e transpõe-se à porta de entrada. A casa é organizada de forma linear. O ambiente de pé direito duplo (variável) que contempla as áreas de estar, refeições e cozinha está disposto no setor mais baixo, próximo à água e ao som que produz seu trajeto. Dois dormitórios e dois banheiros agrupam-se um atras do outro até penetrar na terra. Uma ampla galeria de cobertura plana prolonga o espaço, suavemente voando sobre a pradaria.
Cumprindo o papel de terraço-mirante, a cobertura verde sobre o teto inclinado da casa naturaliza o edifício, conforma um estar privilegiado a céu aberto, e faz presente os quatro elementos da natureza, os culturalizando.
A técnica empregada, predominantemente pétrea (de origem ígnea) materializa os limites mais opacos através de um muro de pedra enformados, as lajes de concreto aparente (de tábuas), os fechamentos transparentes são conformados por peças de serralheria e uma malha de metal dobrado oxidado. Os pisos são de tábua de madeira, com exceção da galeria e banheiros, que são de concreto polido. Os equipamentos foram projetados integralmente em conjunto à estratégia projetual da residência. Por sua materialidade, o projeto não requer grandes manutenções, e o acondicionamento climático, em função das orientações, da cobertura verde, e da presença de ventilação cruzada, é natural e passivo.